Leitura de Lolita

Lolita foi meu primeiro livro do autor russo Vladimir Nabokov. Me pergunto porque demorei tanto para lê-lo!

O livro tem uma fama e tanto — é considerado um tabu literário. De fato, a história não é fácil de digerir. O protagonista, H. H., é um pedófilo que justifica de forma fria e completamente cínica seus atos. A ponto de muitos leitores se questionarem se ele é realmente um criminoso ou não. Lolita seria vítima ou cúmplice? Como o livro é narrado na perspectiva dele, entramos no seu mundo, despidos de qualquer filtro ou pudor. Somos embalados por seu cinismo e por pouco não somos completamente seduzidos.

Não é um livro para se ler em qualquer idade. Tem cenas fortes e impactantes. É uma boa recomendação para os fãs (como eu) de literatura realista, como a de Machado de Assis e Flaubert. O texto ácido, irônico, debochado… como se dissessem “estou cercados de idiotas”.

H.H. afirma com todas as letras que se coloca acima da lei. É um perverso de carteirinha. Despreza tudo e todos que se colocam entre ele e seu objeto de desejo. Sem contar as referências de altíssimo nível intelectual, que demonstram a superioridade “de quem vos fala”. As incríveis “coincidências” que ocorrem ao longo da história parecem dizer que o estilo da escrita é tão sofisticado e bem feito que pouco importam os acontecimentos dos fatos, o prazer estrá na leitura em si.

Terminei o livro com vontade de recomeça-lo. Por um lado, porque gostei do que li, e por outro, porque fiquei com a suspeita de que existem muitos fatos subentendidos que foram muito bem escondidos pelo autor nas entrelinhas…